domingo, 18 de março de 2012


  • Demóstenes vira vidraça no DEM por ligação sigilosa com Carlinhos Cachoeira

    15/3/2012 11:40,  Por Redação - de Brasília
    Demóstenes
    O senador Demóstenes Torres tinha uma 'linha quente' para falar com o bicheiro
    A notícia de que o empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, habilitou em Miami 15 aparelhos de rádio, da marca Nextel, e os distribuiu entre pessoas de sua mais estrita confiança, sendo uma delas o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), servirá de base para a instalação de um processo disciplinar contra o parlamentar da ultradireita, que poderá terminar expulso da legenda, a exemplo do ex-governador de Brasília José Roberto Arruda, que caiu após o Escândalo dos Panettones. Documento da 11ª Vara da Justiça Federal, em Goiás, vazado para a revista Época, que integra o conjunto de veículos de comunicação da Rede Globo, revela que o propósito de Cachoeira, segundo a Polícia Federal, era evitar que escutas telefônicas, legais ou ilegais, captassem suas conversas com os comandantes de uma rede de exploração ilegal de máquinas caça-níqueis em Goiás e na periferia de Brasília.
    Nos relatórios da investigação, o grupo contemplado com os rádios é chamado de “14 + 1”. Entre os 14, há foragidos e os que foram presos com Carlinhos Cachoeira durante a Operação Monte Carlo, da PF. O “1” é o senador Demóstenes Torres, diz a revista.
    Conversa reservada
    A revista também ouviu o senador Demóstenes, em seu gabinete no Senado. “Ele estava acompanhado de seu advogado Antonio Carlos Almeida Castro, o Kakay. Indagado se havia recebido um aparelho de rádio para conversas exclusivas com Cachoeira, Demóstenes pediu licença para ter uma conversa reservada com seu advogado antes de responder à pergunta. Cinco minutos depois, disse à reportagem que, por recomendação do advogado, não faria declarações sobre o assunto. A interlocutores, no entanto, o senador goiano confirmou que recebeu o aparelho de Cachoeira, que foi usado exclusivamente em conversas entre os dois. Segundo Demóstenes, nos quase 300 diálogos com Cachoeira, gravados pela Polícia Federal com ordem judicial, não há nada que o comprometa”, afirma o texto da reportagem.
    “São conversas entre amigos, só há trivialidades”, teria dito o parlamentar aos repórteres.
    Tais escutas permitiram que os investigadores descobrissem que Cachoeira deu a Demóstenes uma geladeira e um fogão importados como presente de casamento, dos quais o líder do DEM no Senado não pretende abrir mão.
    Segundo a investigação, Carlinhos Cachoeira resolveu habilitar os 15 rádios Nextel em Miami porque “arapongas lhe asseguraram que, assim, eles escapariam de grampos telefônicos. Segundo o Ministério Público Federal, Cachoeira seguiu orientação do delegado da Polícia Federal Fernando Byron e do ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, também presos na Operação Monte Carlo”, acrescenta a reportagem.
    “Para azar deles e sorte da sociedade, a Polícia Federal conseguiu realizar a interceptação telefônica. E isso mudou todo o rumo da investigação”, afirmou o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, na decisão judicial que autorizou a operação Monte Carlo, na qual Demóstenes foi flagrado.

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