quarta-feira, 11 de abril de 2012

Conselho dá 10 dias para a defesa Demóstenes (Josias de Souza)


O Conselho de Ética do Senado pôs para rodar o filme estrelado por Demóstenes Torres, no papel de ex-mocinho. A representação escrita pelo PSOL foi aceitacomo ponto de partida do roteiro. Decidiu-se intimar Demóstenes para providenciar, em dez dias, uma peça de defesa. Será encenada no segundo capítulo.
Logo nas primeiras cenas, o Senado propiciou à platéia instantes de cômica dramaticidade. Estava entendido que caberia ao PMDB, dono da maior bancada, indicar o presidente do Conselho de Ética. Ninguém topou.
Optou-se, então, por acomodar na cadeira de presidente o mais velho membro do conselho: o senador sergipano Antonio Carlos Valadares (foto), 69 anos. É filiado ao PSB, cuja bancada soma quatro senadores, contra os 18 do PMDB.
Valadares não foi uma má escolha. Mas havia alternativas que melhorariam o espetáculo. A composição do conselho inclui dois generais do PMDB: Renan Calheiros e Romero Jucá. É uma pena que tenham fugido da linha de tiro.
Os espectadores mais antigos sabem que ainda não surgiu na história do cinema um Tarzan melhor do que Johnny Weissmuller. Tampouco apareceu um Drácula mais talentoso que Bela Lugosi.
Do mesmo modo, num Senado em que Demóstenes vira ex-Demóstenes em pleno voo, nada mais apropriado que Renan e Jucá assumissem o papel de paladinos da ética. Não foi para isso que desceram ao Conselho de Ética?
Ainda há tempo para a recomposição do elenco. Falta escolher o relator do processo contra o ex-mocinho. Por mal dos pecados, a escolha será feita por sorteio. Coisa muito apropriada para uma investigação que tem como pano de fundo a jogatina ilegal de Carlinhos Cachoeira. Resta à platéia torcer para que, se a sorte lhes sorrir, nenhum dos neo-paladinos fuja da raia.

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